Relembrando episódios do tempo que vivi em Ribeirão da Várzea (Ribeira/SP), algumas vezes precisei voltar sozinha da Escola. Como escrevi na postagem anterior, andávamos cerca de 2 km da nossa casa até o Bairro, e tanto a estradinha de acesso ao sítio quanto a estrada principal não eram pavimentadas.
Mais ou menos na metade do caminho, a estrada principal contornava uma mata de pinheiral relativamente extensa. Nessa mata, que era um pouco escura e úmida, havia uma trilha pela qual se chegava bem mais rápido ao destino. Obviamente, quando íamos a pé, sempre usávamos essa trilha, e não havia qualquer problema quando era durante o dia e estávamos em grupo. Em certas ocasiões, passávamos por ali à noite, iluminados apenas pelos raios da lua que atravessavam a copa das árvores e dos pinheiros. Mesmo acompanhada por meus pais, eu tinha medo de andar pela trilha no meio da escuridão.
Quando tive que voltar sozinha para a casa, preferi não ir pela estrada porque temia encontrar os tamanduás que viviam por ali. Passando de charrete, já os tinha visto de longe - eles eram bem maiores do que eu!
Pois bem, tive que voltar pela tortuosa trilha. À medida que eu avançava para dentro da mata, ouvia barulhos inéditos e começava a imaginar de onde viriam. "Deve ser o bugio... Meu pai disse que já o viu por aqui..." Não sabia como era o barulho desse animal, mas tentava me convencer de que era "apenas um bugio"...
No afã de vencer a trilha, eu andava rapidamente e arregalava os olhos, acreditando que veria melhor qualquer perigo que pudesse aparecer. Meu coração vinha à boca com as imagens de monstros e fantasmas que eu via naquelas longas barbas de velho que pendiam das árvores. Naquele momento, os barulhos da mata me faziam pensar que todos os bichos dali eram carnívoros e queriam me pegar.
A travessia durava menos de dez minutos, embora parecesse durar uma hora! Para piorar, no meio do trajeto, uma cobra meio marrom resolve atravessar o meu caminho! "AAAAAAiiii!!! Que susto!!!" Ainda bem que ela fugiu rapidamente no meio das folhas secas! Com o grito que eu dei, deve ter ficado com mais medo de mim do que eu dela!
Felizmente, sobrevivi a todas as travessias da trilha assustadora, e hoje estou aqui para contar a história. Começo a achar que a minha filha está certa. Quando conto para ela algum desses episódios, ela diz que a minha infância não foi tão difícil assim; na verdade, foi cheia de aventuras! E não é que ela tem razão?!...
Continua na postagem O FIM DO MUNDO.
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