Considerado um dos maiores
escritores brasileiros, o aclamado Poeta CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE também
escreveu para crianças.
No livro “História de Dois Amores”,
ilustrado por Ziraldo, Drummond relata a improvável amizade que se formou entre
um elefante e uma pulga, ou melhor, como ele mesmo coloca, um “pulgo”.
Depois de “se aninhar” numa orelha
do elefante Osbó, Pul, o pulgo, acaba viajando pelo deserto africano com
destino à residência do Chefe dos Elefantes.
Embora direcionado ao público
infantojuvenil, o texto é um pouco longo, mas não cansativo, já que o autor
escreve de forma descontraída, como se estivesse conversando com o leitor.
Nesse diálogo,
ele insere pequenas lições sobre a vida, a Natureza e o comportamento humano,
como nas seguintes passagens:
“... o deserto só é deserto para quem
não sabe ver...”
“... o pulgo comparava a imensidão
do cenário com o aperto das casas dos pobres, onde não entra um raio de sol e
tudo parece doente.”
Os elefantes “falavam baixinho, ao
contrário de tanta gente que, mesmo não tendo nada de importante para falar,
urra como leões, inutilmente.”
“A amizade é uma coisa linda. Nunca
se chateia, está sempre descobrindo motivos de satisfação.”
“... quem defende o que é seu cria
tutano para combater.”
Todavia, nem só de lições são feitos
os livros, especialmente aqueles escritos para crianças e adolescentes. Nesta
obra, o leitor também vai encontrar ideias e reflexões bem-humoradas:
“Aí passou um elefante enorme, o que
não é novidade, pois toda gente sabe da enormidade dos elefantes.”
“Osbó só não caiu para trás porque
elefante não cai nunca desse jeito.”
“Quem vai ao vento perde o assento.
Quem sai à toa perde a coroa. Quem vai a esmo perde o torresmo.”
Apesar de seu tamanho minúsculo, o
pulgo é megalomaníaco, ou seja, tem mania de grandeza. E o riso está garantido
em trechos como:
“O pulgo tinha o mau costume de se
achar muito importante, mesmo que estivesse na pele de um bebê. Colocado
naquela altura, pode-se imaginar como ficou ainda mais cheio de prosa. [...] E
quando percebeu [...] que aquela orelhona era do próprio chefe dos elefantes,
aí é que só faltou estourar de vaidade.”
Pul era tão vaidoso que depois de
ajudar Osbó a vencer a guerra contra uma manada inimiga, exigiu-lhe que fosse
proclamado “Pulgo Rex I e Único”, comandante de todos os pulgos e pulgas do
mundo inteiro. O título lhe foi concedido, mas como o Chefe dos Elefantes, por
mais que se esforçasse, não conseguiu obter-lhe a subordinação da pulgaria, Pul
ficou muito irritado e começou a tratá-lo com grosseria, apesar da amizade que
tinham. A partir daí, por causa de sua vaidade e ambição pelo poder, Pul ficou
insuportável e começou a zumbir o tempo todo no ouvido de Osbó.
Por conselho do amigo Cacundê, Osbó
decide arrumar uma namorada “e ser feliz com ela”, pois eles concluíram que a
única solução para o conflito com Pul seria o amor.
Será que o Chefe dos Elefantes vai encontrar uma namorada? Descubra o desfecho desta história lendo essa primorosa obra do nosso querido Drummond!