quarta-feira, 27 de agosto de 2025

CHAMADO DA TERRA

 


CHAMADO DA TERRA

 

Na infância, os pés descalços correndo em chão de poeira

subiam o tronco das árvores, fugiam além da porteira.

Mas veio o brilho das luzes, janelas de arranha-céu

que deixaram para trás seu cavalo e seu chapéu.


Na juventude, o mundo chama: ruas, praças, ambição:

quer-se tudo, quer-se longe, como quem foge do chão.

Mas o tempo, sábio e calado, semeia silêncio e saudade,

e, um dia, em meio ao ruído, desperta a voz da verdade:

 

“Você pertence à terra, ao cheiro do mato molhado,

ao mugido que vem do campo, ao céu vasto, estrelado.”

Então, a alma cansada anseia por menos vitrinas,

por mais raízes e vento, por galos ao som das matinas.

 

Voltar não é retroceder – é se lembrar do que se é:

carne do barro do mundo, poeira, semente e fé.

O ser humano é da terra, não das torres nem do aço:

cedo ou tarde, ela chama, e ali renasce o abraço…


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