CHAMADO DA
TERRA
Na infância, os pés descalços correndo em chão de poeira
subiam o tronco das árvores, fugiam além da porteira.
Mas veio o
brilho das luzes, janelas de arranha-céu
que deixaram
para trás seu cavalo e seu chapéu.
Na juventude, o mundo chama: ruas, praças, ambição:
quer-se tudo, quer-se longe, como quem foge do chão.
Mas o tempo, sábio e calado, semeia silêncio e saudade,
e, um dia, em meio ao ruído, desperta a voz da verdade:
“Você pertence à terra, ao cheiro do mato molhado,
ao mugido que vem do campo, ao céu vasto, estrelado.”
Então, a alma cansada anseia por menos vitrinas,
por mais raízes e vento, por galos ao som das matinas.
Voltar não é retroceder – é se lembrar do que se é:
carne do barro do mundo, poeira, semente e fé.
O ser humano é da terra, não das torres nem do aço:
cedo ou tarde, ela chama, e ali renasce o abraço…
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