Voz sufocada, sofrendo calada.
Guarda segredo porque tem medo.
Roupa rasgada, pele marcada.
Olho arroxeado, nariz quebrado.
Denuncia, processa; agressão não cessa.
Não tem proteção; sangue no chão.
Corpo estendido, algoz foragido.
Criança chocada, família arrasada.
Até quando?!...
No campo-santo, seu corpo jaz:
enfim, o “direito” de estar em paz!...
Não gosto muito de escrever sobre temas negativos, mas diante de tantos casos de feminicídio e outros tipos de violência contra a mulher, "nasceu" esta poesia como um desabafo, uma forma de manifestar a minha indignação quanto à falta de proteção efetiva da mulher.
Embora disponha de legislação que a ampare, tais normas, na prática, acabam não surtindo os efeitos necessários à sua proteção integral, pois o algoz também dispõe da lei a seu favor e, a menos que seja preso em flagrante delito ou executada a sua prisão preventiva, estará solto, representando sérios riscos para a ex-companheira. Estando em liberdade, agirá como quiser, inclusive ameaçando, violando medidas protetivas ou executando novas tentativas de feminicídio ou de outros tipos de violência contra a mulher. Esta, por sua vez, acaba tendo que se defender sozinha, quando é possível, pois em grande parte dos casos, ela é surpreendida de modo que não lhe resta a menor chance de defesa...
Esta poesia foi ilustrada por Vívian Saad e publicada no livro AROMAS DA VIDA, editado pela A. R. Publisher em 2020.
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